Pilar 4 – Interação: corrente de aprendizagens

Olá! Aqui vão registros das discussões provocadas por nossas leituras e pesquisas. 

Saímos do primeiro encontro com uma indagação (com que frequência usam-se as redes sociais para compartilhar conhecimento?) e, em busca de uma resposta, partimos para a ação. O resultado está no texto que elaboramos. Esperamos que gostem!

Abraços,

Eliane Cristina Correa

Mariangela Nogueira Salman

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Interação: corrente de aprendizagens

Este foi o ponto de partida:

Com que frequência você usa as redes sociais para compartilhar conhecimento?


            Motivadas por uma discussão em grupo a respeito do quarto pilar da Educação Digital, a Comunicação interpessoal, saímos do primeiro encontro com uma indagação: nas redes sociais, com que frequência os usuários compartilham conhecimento (dicas de livros, compartilhamento de informações, divulgação de notícias, comentários sobre fatos, discografias, videotecas, etc), ampliando a função primária desse canal – a de simples aproximação social – para a de um acervo digital de informações que podem ser compartilhadas por grupos de usuários diretamente ou indiretamente escolhidos, fazendo com que, em uma onda de postagens, o conhecimento atinja uma gama cada vez maior de pessoas que conquistam todo dia, sem perceber, novas aprendizagens e alteram o rumo de suas vidas: educam-se para transformar-se e alterar a realidade em que vivem. Do questionamento à ação, postamos a pergunta na rede social Facebook por meio da opção “pergunte a seus amigos”.

A pesquisa, cujos dados numéricos foram estimados no gráfico do Excel (atividade 1) foi bastante reveladora: dentre as opções A (Sempre), B (Frequentemente), C (Raramente) e D (Nunca), tais foram os resultados:

A – Sempre – 10,7 %

B – Frequentemente – 73,2 %

C – Raramente –  16,1 %

D – Nunca – 0%

A conclusão é bastante estimulante: nenhum usuário deixa de compartilhar aprendizagens que, para ele, foram significativas, o que, inevitavelmente, leva seu amigo mais próximo a aproximar-se dessa informação e apropriar-se dela; ao divulgar e repassar, faz-se surgir uma “corrente de aprendizagens”, numa onda de novos conhecimentos que vão se associando e se agregando a aprendizagens anteriores, construindo o ato de educar-se, objetivo prioritário do ser humano na conquista de sua felicidade, instrumentalizando-se para enfrentar dificuldades, resolver problemas, crescer, aprender a conviver, otimizar seu tempo, enfim, viver bem e plenamente.

Não seria esperado que a alternativa A tivesse o maior número de votos, uma vez que, em princípio, a rede social vise apenas a aproximar pessoas; daí a importância da opção B ter recebido o número maior de adesão: ao propiciar  a interação, naturalmente inicia-se a “corrida da informação”, desde a busca não intencional – uma vez que ela é indireta, decorrendo apenas da aproximação social – passando pela divulgação, pelo tratamento, divulgação, discussão (uma vez que há a opção de “curtir” e comentar o assunto) e, enfim, o gerenciamento (o que é significativo será arquivado, seja em um arquivo pessoal, seja na “nuvem” formada pela própria rede social, agregando a seu acervo mais e mais informações). Têm-se aí a concretização dos seis pilares da Educação Digital.

De acordo com o professor Eduardo Chaves[1], “as coisas mais importantes que nós aprendemos, nós as aprendemos em contextos que têm interesse e sentido para nós. Elas são aprendidas em função de perguntas que nós temos para as quais queremos resposta”.

No uso das redes sociais, constatamos que a interação pode implicar que o usuário assuma e tome a decisão, mesmo que por afinidade, de aproximar-se do conhecimento. Toma para si uma indagação de outrem, pela importância afetiva e social que atribui a quem a fez chegar a seu conhecimento: “se essa informação é tão significativa para meu amigo, também o é para mim; se ele procurou respostas para uma indagação e essa informação trouxe a solução, é porque ela é válida, significativa e também precisa fazer parte do meu acervo”.

A fonte de informação, portanto, não é primária, mas sim secundária, por meio de  relatos de terceiros acerca de suas observações da realidade empírica, aos quais se agregam discussões, novos pontos de vista, os quais, também divulgados e repassados, acabam, em um efeito dominó, atingindo mais e mais indivíduos, formando opiniões, mudando a forma de ver o mundo, ampliando a gama de competências e habilidades para superar novos desafios, resolver novos problemas, capacitar para novas aprendizagens.

Ainda segundo o professor Eduardo Chaves[2], “a aprendizagem está indissociavelmente ligada à interação e à comunicação. Aprendemos observando os outros, interagindo com eles, imitando-os, tentando nos comunicar com eles, recebendo feedback, tentando de novo… É por isso que a comunicação é importante. Sem ela, não aprenderíamos nada.”

A interação propiciada pelas redes sociais, embora artificial – uma vez que não é criada espontaneamente, pelo encontro direto entre as pessoas -, acaba, em contrapartida, tornando-se uma oportunidade eficaz de trocas cognitivas, de compartilhamento de informações e uma fonte de informações facilitadora da aproximação do indivíduo com o patrimônio histórico-cultural construído ao longo da humanidade. Isso, claro, dentro dos princípios éticos e morais em que se devem basear essas trocas.

Essas partilhas interpessoais podem se dar, inclusive, em tempo presente, por meio de bate-papos ou fóruns que podem ser abertos para a discussão de determinado assunto. Assim, a informação transita em mão dupla, do locutor para locutários e destes para o primeiro, invertendo-se o papel comunicativo das pessoas do discurso.

A conclusão que saltou a nossos olhos de educadoras, após a pesquisa de opinião no Facebook, foi que é impossível desprezar as oportunidades que a tecnologia digital pode impulsionar na educação. De acordo com o professor Eduardo Chavez, ela “tem sido o principal motor de mudanças que transformaram o contexto em que nos educamos, os ambientes em que aprendemos, e os materiais e recursos com os quais aprendemos”[3].

Além disso, os alunos naturalmente ligam-se a ela, das mais diferentes formas, tornando-a um canal comunicativo eficaz para que o indivíduo se construa como um ser livre e autônomo, com valores morais e afetivos, agente de uma transformação social e gerenciador de seu próprio projeto de vida.


[1] Professor Titular aposentado de Filosofia da Educação da UNICAMP, Professor Colaborador do Programa de Pós-Graduação em Educação da UNISAL, Coordenador da Cátedra UNESCO de Educação e Desenvolvimento Humano do Instituto Ayrton Senna. Membro do Conselho Consultivo Internacional do programa “Partners in Learning” da Microsoft Corporation, do Conselho Consultivo do Programa EducaRede da Fundação Telefónica e do Conselho Consultivo do Instituto Crescer para a Cidadania. É colunista do Blog das Editoras Ática e Scipione.

[3] Texto disponível em http://www.aprenderemparceria.com.br.

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O vídeo a seguir, De onde vêm as boas ideias, exemplifica toda essa discussão. Assista! Você vai gostar!

http://www.ted.com/talks/lang/por_brsteven_johnson_where_good_ideas_come_from.html

 

Para finalizar, uma imagem bem ilustrativa: aprende-se com a interação, com a complementaridade entre opostos; integra-se, aprende-se, atribui-se novos significados a velhas formas já cristalizadas. Afinal, um cão e um gato podem aprender um novo modelo, estabelecer novos padrões, não é mesmo?

Esperamos que vocês tenham gostado!

Eliane e Mari

Um Comentário

  1. Fernando, Deise e Ana Paula - Unidade II (Valinhos)

    Não é à toa que se fala na revolução das comunicações. Em meia dúzia de cliques temos acesso a um volume de conhecimento que levou séculos para ser construído. Compartilhar e analisar profundamente constituem novos desafios em um mundo de informação extremamente dinâmica em que a superficialidade impera.

  2. valinhosps

    Parabéns pelo trabalho e empenho no registro. Neste nosso segundo encontro saimos com mais algumas indagações!!! ESpero que tudo seja resolvido com maior tranquilidade e sem atropelos. Adriana Carvalho

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